João Bosco surfa na onda que balança em ‘Corsário’, exuberante álbum ao vivo que perpetua show em festival no Rio

  • 31/05/2025
(Foto: Reprodução)
Quarteto formado pelo cantor com Vanessa Moreno, Jaques Morelenbaum e Mestrinho deita e rola no ritmo ao reavivar 12 músicas do artista mineiro. Capa do álbum ‘Corsário – Live at Rio Montreux Jazz Montreux’, de João Bosco com Vanessa Moreno, Jaques Morelenbaum e Mestrinho Divulgação / MZA Music ♫ OPINIÃO SOBRE DISCO Título: Corsário – Live at Rio Montreux Jazz Montreux Artista: João Bosco – com Jaques Morelenbaum, Mestrinho e Vanessa Moreno Cotação: ★ ★ ★ ★ ★ ♬ Uma semana após João Bosco estrear no Rio de Janeiro (RJ) o suntuoso show Boca cheia de frutas, baseado no homônimo álbum lançado em maio de 2024, o artista mineiro aporta nos players digitais com Corsário, disco gravado ao vivo em 12 de outubro de 2023 em show do cantor no Rio Montreux Jazz Festival. No palco do festival carioca, criação do produtor Marco Mazzola, Bosco recebeu a cantora Vanessa Moreno, o acordeonista Mestrinho e o violoncelista Jaques Morelenbaum. Entrosado, o fantástico quarteto doma o ritmo, senhor do álbum Corsário – Live at Rio Montreux Jazz Montreux (MZA Music). Em rotação desde quarta-feira, 28 de maio, o disco rebobina 12 músicas do cancioneiro autoral de João Bosco – com ênfase nos sambas compostos na década de 1970 em parceria com Aldir Blanc (1946 – 2020) – e remodela Forró em Limoeiro (Edgar Ferreira, 1953), sucesso de Jackson do Pandeiro (1919 – 1982), no duo inventivo de Bosco com Mestrinho. “Esse é o cara”, saúda Bosco, dois números antes de Mestrinho disparar abordagem eletrizante de Bala com bala (João Bosco e Aldir Blanc, 1972) em número solo em que alia o toque da sanfona ao tiroteio dos vocalizes em número de aura jazzística. Antes, o toque virtuoso e sagaz de Mestrinho na sanfona redesenha os contornos de Quando o amor acontece (João Bosco e Abel Silva, 1987), bolero cujos versos são acariciados pelo canto de Bosco. Corsário – Live at Rio Montreux Jazz Montreux é álbum para quem aprecia o gagabirô de João Bosco no palco. Inexistem covers burocráticos no disco. Entre solos, duetos e números coletivos, cada música ressurge com frescor, com um sopro de novidade. Take coletivo que abre o álbum, Incompatibilidade de gênios (João Bosco e Aldir Blanc, 1976) desmente o título do samba com o suingue que irmana quatro artistas de universos musicais e gerações distintas. Cantora que deita e rola com o ritmo, Vanessa Moreno parece nascida para dar voz e ginga aos sambas De frente pro crime (João Bosco e Aldir Blanc, 1974) e O ronco da cuíca (João Bosco e Aldir Blanc, 1975) com o compositor. Depois, em número solo, a cantora paulista se confirma grande ao pôr os próprios ingredientes na receita de Linha de passe (João Bosco, Aldir Blanc e Paulo Emílio, 1979). Último grande sucesso de Bosco, Sinhá (João Bosco e Chico Buarque, 2011) se alimenta do contraste entre o toque do violoncelo de Jaques Morelenbaum – mestre de instrumento primordialmente associado aos concertos e aos salões dos brancos europeus – e o canto de Bosco, evocativo de uma África que resistiu sob o açoite do povo negro no Brasil colonial. Com Morelenbaum, o anfitrião revolve Memória da pele (João Bosco e Waly Salomão, 1989) e refaz Caça à raposa (João Bosco e Aldir Blanc, 1974) com canto límpido que fez dessa interpretação uma das mais sedutoras da música, símbolo da eterna capacidade do Homem de recomeçar. Vem então o momento mais emocionante do show, preservado no álbum pela qualidade exemplar da captação do som. É quando Jaques Morelennaum sola O mestre-sala dos mares (João Bosco e Aldir Blanc, 1974) e o público, sem se conter, começa a cantar os versos do samba em um crescendo, em coro que bem poderia representar a união do povo nas lutas inglórias do dia-a-dia. E então aporta, com todos os convidados no palco ao lado de Bosco, um Corsário (João Bosco e Aldir Blanc, 1975) fascinante que roça os oito minutos de duração. O arranjo e o canto da música vão se desenhando com progressiva intensidade que atinge o primeiro pico de sedução quando Vanessa Moreno aviva a voz. O registro é tão belo que justifica o título do álbum Corsário – Live at Rio Montreux Jazz Montreux. O show e o disco poderiam acabar aí. Mas tem o bis e o samba O bêbado e a equilibrista (João Bosco e Aldir Blanc, 1979), introduzido pelo toque lírico da sanfona de Mestrinho, gera a habitual empatia entre o público. Tudo isso está eternizado em disco ao vivo que paira acima da trivialidade dos zilhões de registros de shows que inundam o mercado fonográfico sem nada acrescentar de relevante às discografias dos artistas. O álbum Corsário – Live at Rio Montreux Jazz Montreux se justifica por eternizar um show único e flagrar momento exuberante da trajetória de João Bosco nos palcos.

FONTE: https://g1.globo.com/pop-arte/musica/blog/mauro-ferreira/post/2025/05/31/joao-bosco-surfa-na-onda-que-balanca-em-exuberante-album-ao-vivo-que-perpetua-show-feito-em-festival-no-rio.ghtml


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